MARCOS COELHO BENJAMIM, NA GALERIA MURILO CASTRO
Enfim Só. Uma exposição sem curador. Um texto sem filósofos. Uma montagem sem arquiteto. Um catálogo sem artista gráfico. Uma obra sem título. Uma exposição sem o artista. Só a obra. Solitária e autônoma. Como era no começo. Assim pode ser (in)definida a exposição de Marcos Benjamim, que será inaugurada na Galeria Murilo Castro, dia 28 de novembro, às 19h.
Depois de 10 anos sem expor, o artista reuniu um “conjunto de estranhezas”, como ele mesmo se refere, com fotografias, desenhos, objetos, esculturas com materiais do plástico à água, parede de poemas, frases soltas… “A ideia central é ‘enfim a exposição incorreta e sem sustentabilidade’, pois, garantidamente, o artista é biodegradável. A mostra é autônoma, tem vida própria, cheia de pequenas mágicas que espero que as pessoas percebam. Quero mostrar tudo!”, conta Benjamim.
A essência da exposição é uma grande profusão de obras e de linguagens. Sem controle, sem direção. “Fiz o mural do fim do mundo, onde escrevi tudo o que me veio à cabeça no final do ano passado, quando pensei que o mundo fosse acabar. Tem poema delicado e barra pesada, de morte, de vida, de amor, de repulsa. Fotografias arqueológicas… E muita confusão. Já fiz montagens parecidas, que chamava de ‘clínica geral’. Algumas vezes sou meio cientista, vou fazendo o que estou a fim”, completa.
A condição para trazer novamente seu trabalho ao público foi uma só: que a Galeria não interferisse em nenhum dos processos, uma vez que a mostra existe por si só, não é moldável. “Sempre tive o cuidado de controlar absolutamente tudo o que acontece em cada exposição. Desta vez fui alijado desta função. Porém, considerando a qualidade da obra do Benjamin, aceitei o desafio e, sinceramente, estou muito tranquilo e ansioso para ser um expectador de sua obra”, diz o proprietário da Galeria, Murilo Castro.
O artista considera o local perfeito para sua proposta, “uma galeria comercial não gosta de exposições não convencionais. Nesta mostra tenho textos meus, coisas que quis colocar pra fora. Achei muito legal o Murilo ter a coragem de me deixar trazer essa esquisitice toda ao espaço dele. E agradeço a confiança”, pondera.
Sobre Marcos Benjamim
Marcos Coelho Benjamim é mineiro de Nanuque, nascido em 1952. Escultor, pintor, cartunista, designer gráfico, ilustrador, desenhista e cenógrafo. Em 1969, mudou-se para Belo Horizonte. Começou como artista autodidata desenhando quadrinhos e, em 1971, passou a colaborar com charges e ilustrações em jornais mineiros.
Participou da 12ª Bienal Internacional de São Paulo, em 1973. Em 1974, conquistou o prêmio Viagem ao México no 2° Salão Global de Inverno de Belo Horizonte e, em 1977, o grande prêmio da International Cartoon Exhibition, em Atenas. Participou, em 1979, de caravana de artistas promovida por Paulo Laender para o vale do Jequitinhonha, Minas Gerais, onde teve contato com diversos artesãos locais e passou a dedicar-se à criação de objetos tridimensionais e instalações.
A repetição de ritmos, de gestos gráficos e o gosto pela geometria caracterizam a sua produção. O artista serve-se de materiais usados e com superfícies ásperas e gastas, como velhas latas de óleo, madeira de restos de construção ou de demolição e cones de metal oxidados, frequentemente enquadrados em caixas de madeira.
Em 1988 criou a cenografia dos espetáculos Uatki e Mulheres, do Grupo Corpo, de Belo Horizonte. Em 1989, com o convite para expor na 20ª Bienal Internacional de São Paulo, iniciou uma fase de produção de obras em grandes escalas e dimensões, como as delicadas obras de formas circulares, retangulares e trapezóides, que compõe fixando delgadas estrias de zinco sobre suportes de madeira.